O processo de 21 dias no físico

(essa página se refere ao retiro sobre o qual escrevi nesse post!)

A primeira semana do processo é a de cura física. Essa se passa totalmente no seco, sem comer nem beber nada. É uma vivência absolutamente extraordinária, no sentido literal da palavra, já que a gente está acostumado a não passar dia sem várias refeições né... como no primeiro dia já aprendemos a como lidar com o ego, a falta de comida gera uma grande oportunidade de prática, pois o ego tende a pirar na primeira semana com a falta de comida, de bebida e de atividades. O interessante é isso: perceber que quem pira é o ego... o corpo físico fica tranquilo e as restrições são gerenciáveis. Nada do que acontece é importante em demasiado quando a gente se dispõe a ser o observador dos processos físicos, sem muita identificação, e com a confiança de que vai ficar tudo bem.
Nada dói; a sensação de fome vem, passa uns minutos e vai embora; segundo os facilitadores, é comum o coração ficar mais acelerado, ficarmos com menos fôlego, o ouvido tampar e a boca ficar seca. Tive todos esses sintomas hehe, mais fortes do quinto ao sétimo dia. Durante esses dias, só de deitar de barriga para cima, parecia que eu sentia meu coração pulsando em todas as partes do corpo, não conseguia mais dormir nessa posição. Ah, alguma coisa doía sim, mas dor conhecida: senti dor de cabeça bem intensa em alguns momentos no fim da primeira semana e início da segunda, que me fez crer que a limpeza estava acontecendo intensamente.
Esses sintomas todos são, claro, desconfortáveis - por mais que o esforço seja de desconstruir os julgamentos que o ego faz, claro que isso não nos torna um observador sem critério! O exercício é vivenciar todos os "sintomas" do seco sem reagir a eles, querendo fugir a todo custo das sensações, querendo ir embora, contando os segundos para chegar a hora de tomar água, essas estratégias do ego de sair do presente e cair em sofrimentos. O trabalho todo é achar a forma de ser feliz em cada momento, mesmo com todas as circunstâncias não totalmente favoráveis que se apresentarem (uma bela metáfora da vida como ela é, né?)... é um aprendizado incrível, único, totalmente vivencial - aprender a amar o deserto dentro de nós.
Uma coisa interessante é que todo mundo segue fazendo xixi regularmente durante a primeira semana. Nos explicam que o ressecamento faz parte da liberação de toxinas acumuladas ao longo da vida, aderidas pelas mucosidades constantes que produzimos. Eu lembrei um pouco antes de ir pra lá que existe produção de água como metabólito no estado de cetose metabólica, que ocorre quando não temos mais fontes de glicose e precisamos quebrar gordura para fazer corpos cetônicos para alimentar o cérebro (que só sabe usar glicose ou esses corpos cetônicos). Então no jejum a gente tem um aporte interno de água - não sei se funciona assim mesmo, foi só recuerdos das aulas de bioquímica e como eu sabia no mais profundo do meu ser que ia ficar tudo bem com minha saúde, eu nem fui atrás de pesquisar. Mas se for real, ajuda a explicar por que o sistema renal segue funcionando bonitinho todo o período.
Um aprendizado generalizado de quem passa pela semana de seco é se apaixonar pela água - a gente passa a olhar com outros olhos para a maravilha que é esse presente de Deus, através do qual todos nós, todos os seres, temos vida física. Tudo passa pela água no plano material, é o veículo de vida na matéria. É tão diferente ouvir na aula de biologia sobre a importância da água e criar, na experiência da ausência, essa relação com ela. Muda a vida :) Quando se toma água de novo, no fim do sétimo dia, a gente tem o valor real daquilo, o valor que nunca deu antes.

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